terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Narradores de Javé (resumo)

Pequeno vilarejo de Javé, terá sua identidade cultural apagada da história, por não ter nada escrito a seu respeito. Neste caminho, os moradores tentam resgatar a fundo suas memórias, para obter um registro oficial evitando assim a sua inundação. De acordo com os moradores o ideal seria preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na esperança de impedir o tal desastre. Nas várias versões os heróis são alterados conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis que deixou o  senhor Antônio Biá, ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e, consequentemente, sem reação suficiente para produzir o livro salvador. Diante dos relatos surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé da inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população, e é maltado pela população mais uma vez. Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão acabou sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população assistiu aos prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a destruição foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados.


Foi notícia no rádio:
Na rota policial. Agente 680
Celso: Morador do vilarejo de Javé O senhor Antônio Biá, é banido da vila,(iu,iu,iu,iu) por inventar fatos não ocorridos, a respeito dos moradores,(iu,iu,iu,iu), para assegurar seu emprego nos correios, já que o posto não mais recebia correspondência, sendo assim ele, o meliante, escrevia pra todos como sendo de outros moradores, contando mentiras absurdas. E cabeludas. ( SIRENE)
Agora o povo pede ajuda a esse mesmo meliante, para por na escrita, suas histórias, já que ele é um homem que é das letras, as histórias contadas a anos pelos moradores sobre a fundação do vilarejo. E num é que o feitiço virou contra o feiticeiro!
Agente 680, na rota policial.
Na televisão:
Moradores do vilarejo de Javé e um drama: Uma represa que precisa ser construída e com isso a cidade de javé será alagada.
Um vilarejo com tantas histórias impressionante a respeito de sua fundação está ameaçada pelo progresso dessa região que antes eram sem valia e, portanto não se registrava suas origens.
Moradores desesperados com a tal situação, se mobilizam para escrever sua história e impedir que a cidade seja realmente alagada. Mas os moradores estão em discordância quanto a quem seria a aventura mais real para sua fundação.
Mas como retratar isso? Se todos os moradores do Vale do Javé são analfabetos e semi-analfabetas?
Desespero, sofrimento e luta. Retrato de um povo baiano para manter viva sua identidade.
Na internet:
Pequeno vilarejo de Javé, terá sua identidade cultural apagada da história, por não ter nada escrito a seu respeito. Neste caminho, os moradores tentam resgatar a fundo suas memórias, para obter um registro oficial evitando assim a sua inundação. De acordo com os moradores o ideal seria preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na esperança de impedir o tal desastre. Nas várias versões os heróis são alterados conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis que deixou o  senhor Antônio Biá, ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e, consequentemente, sem reação suficiente para produzir o livro salvador. Diante dos relatos surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé da inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população, e é maltrado pela população mais uma vez. Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão acabou sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população assistiu aos prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a destruição foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados.
Na imprensa Escrita:
No ano de 2003, no pequeno município brasileiro, chamado Javé,sul da Bahia, teve sua identidade inundada, pela construção de uma represa. Seus moradores, não conseguiram registrar de forma científica que a cidade tinha uma história documentada. Por ser os moradores em sua maioria analfabeto, e não tinha como escrever seus fatos históricos, e assim poderem evitar que apagasse de vez suas lembranças.
Recorreram então, a um único morador, antes banido, o senhor Antônio Biá, para fazer tais registros. Mas a herança histórica, as crenças, os valores, oposições entre memórias, história, verdades e invenções, confronta entre o progresso a e as tradições do vilarejos, que não conseguem se estender, entre suas versões, os casos contados, à verdadeira fundação de Javé, o papel e a forma da morte, de Indalécio seu fundador, e Mariadina. Surge então, uma pluralidade de fatos fantásticos e lendários. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis.
O progresso ostenta o espaço, a represa é construída, e por fim a cidade é inundada e seus moradores desterrados.

PROGRAMA DO RATINHO
Um absurdo. Uma cidade ameaçada por uma desgraça recente do capitalismo. A barragem de uma hidrelétrica. Mas seus habitantes também são vítimas de outro tipo de barragem. A da palavra escrita. Sem ela, os tagarelas habitantes de Javé não têm voz.
Os habitantes de Javé estão em pânico, os mais sabidinhos do vale até foram conversar com os engenheiros da obra. Mas ele chega com más notícias. A inundação é certa. Mas que tipo de habitantes são esses que não escrevem sua própria história, sua lembranças, vão ser desatenciosos lá na casa do Marquito. A final, nessa cidade num tem um cabra macho, destemido pra fazer essa tal história ficar no papel?
CHAROPINHO: tem sim patão. O que não faltam são histórias de valentia e honra, mas tem muitas histórias cheias das “caraminholas” que o povo vive inventa. Esse é o problema. E como se diz. Escreveu, não leu, o pau comeu!
RATINHO. Afinal, foi ou não inundada?

CHAROPINHO: E como foi, totalmente, patrão. Tudo debaixo d’água. Até parece São Paulo no verão, tudo alagado. Kkkkkkk.


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