Pequeno vilarejo de Javé, terá sua identidade cultural
apagada da história, por não ter nada escrito a seu respeito. Neste caminho, os
moradores tentam resgatar a fundo suas memórias, para obter um registro oficial
evitando assim a sua inundação. De acordo com os moradores o ideal seria
preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos
heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é
provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser
perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na
esperança de impedir o tal desastre. Nas várias versões os heróis são alterados
conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os
próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis
que deixou o senhor Antônio Biá,
ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e, consequentemente,
sem reação suficiente para produzir o livro salvador. Diante dos relatos
surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé da
inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população, e é maltado
pela população mais uma vez. Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão acabou
sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população assistiu aos
prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a destruição
foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados.
Foi notícia no rádio:
Na rota policial. Agente 680
Celso: Morador do vilarejo de Javé O senhor Antônio Biá, é
banido da vila,(iu,iu,iu,iu) por inventar fatos não ocorridos, a respeito dos
moradores,(iu,iu,iu,iu), para assegurar seu emprego nos correios, já que o
posto não mais recebia correspondência, sendo assim ele, o meliante, escrevia
pra todos como sendo de outros moradores, contando mentiras absurdas. E
cabeludas. ( SIRENE)
Agora o povo pede ajuda a esse mesmo meliante, para por na
escrita, suas histórias, já que ele é um homem que é das letras, as histórias
contadas a anos pelos moradores sobre a fundação do vilarejo. E num é que o feitiço
virou contra o feiticeiro!
Agente 680, na rota policial.
Na televisão:
Moradores do vilarejo de Javé e um drama: Uma represa que
precisa ser construída e com isso a cidade de javé será alagada.
Um vilarejo com tantas histórias impressionante a respeito
de sua fundação está ameaçada pelo progresso dessa região que antes eram sem
valia e, portanto não se registrava suas origens.
Moradores desesperados com a tal situação, se mobilizam para
escrever sua história e impedir que a cidade seja realmente alagada. Mas os
moradores estão em discordância quanto a quem seria a aventura mais real para
sua fundação.
Mas como retratar isso? Se todos os moradores do Vale do
Javé são analfabetos e semi-analfabetas?
Desespero, sofrimento e luta. Retrato de um povo baiano para
manter viva sua identidade.
Na internet:
Pequeno vilarejo de Javé, terá sua identidade cultural
apagada da história, por não ter nada escrito a seu respeito. Neste caminho, os
moradores tentam resgatar a fundo suas memórias, para obter um registro oficial
evitando assim a sua inundação. De acordo com os moradores o ideal seria
preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos
heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é
provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser
perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na
esperança de impedir o tal desastre. Nas várias versões os heróis são alterados
conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os
próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis
que deixou o senhor Antônio Biá,
ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e,
consequentemente, sem reação suficiente para produzir o livro salvador. Diante
dos relatos surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar
Javé da inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população, e é
maltrado pela população mais uma vez. Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão
acabou sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população
assistiu aos prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a
destruição foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados.
Na imprensa Escrita:
No ano de 2003, no pequeno município brasileiro, chamado
Javé,sul da Bahia, teve sua identidade inundada, pela construção de uma
represa. Seus moradores, não conseguiram registrar de forma científica que a
cidade tinha uma história documentada. Por ser os moradores em sua maioria
analfabeto, e não tinha como escrever seus fatos históricos, e assim poderem
evitar que apagasse de vez suas lembranças.
Recorreram então, a um único morador, antes banido, o senhor
Antônio Biá, para fazer tais registros. Mas a herança histórica, as crenças, os
valores, oposições entre memórias, história, verdades e invenções, confronta
entre o progresso a e as tradições do vilarejos, que não conseguem se estender,
entre suas versões, os casos contados, à verdadeira fundação de Javé, o papel e
a forma da morte, de Indalécio seu fundador, e Mariadina. Surge então, uma
pluralidade de fatos fantásticos e lendários. Uma multiplicidade de fatos
incompatíveis.
O progresso ostenta o espaço, a represa é construída, e por
fim a cidade é inundada e seus moradores desterrados.
PROGRAMA DO RATINHO
Um absurdo. Uma cidade ameaçada por uma desgraça recente do
capitalismo. A barragem de uma hidrelétrica. Mas seus habitantes também são
vítimas de outro tipo de barragem. A da palavra escrita. Sem ela, os tagarelas
habitantes de Javé não têm voz.
Os habitantes de Javé estão em pânico, os mais sabidinhos do
vale até foram conversar com os engenheiros da obra. Mas ele chega com más
notícias. A inundação é certa. Mas que tipo de habitantes são esses que não
escrevem sua própria história, sua lembranças, vão ser desatenciosos lá na casa
do Marquito. A final, nessa cidade num tem um cabra macho, destemido pra fazer
essa tal história ficar no papel?
CHAROPINHO: tem sim patão. O que não faltam são histórias de
valentia e honra, mas tem muitas histórias cheias das “caraminholas” que o povo
vive inventa. Esse é o problema. E como se diz. Escreveu, não leu, o pau comeu!
RATINHO. Afinal, foi ou não inundada?
CHAROPINHO: E como foi, totalmente, patrão. Tudo debaixo
d’água. Até parece São Paulo no verão, tudo alagado. Kkkkkkk.
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